O presidente da Câmara Municipal de Faro regressou esta semana ao papel de vítima, acusando o governo de ter cometido um «crime» contra os farenses ao retirar da capital algarvia o comando territorial da Guarda Nacional Republicana (GNR).
Eu próprio fui visado por eleitos do PSD Faro com fotografias nas redes sociais sob o epíteto de «traidor» por afinal, enquanto deputado eleito pelo Algarve, ter estado presente na cerimónia que juntou em Loulé a Câmara Municipal e o ministro da Administração Interna.
Estamos no domínio dos tweets de Donald Trump, contra os inimigos da América, isto é, contra todos os que não pensam como ele. Só que, como bem lembrou Marcelo Rebelo de Sousa ao próprio presidente Norte Americano, Portugal não são os Estados Unidos da América e duvido que mesmo os mais militantes do PSD deem credibilidade a esta ladainha.
Não apenas porque ela é intelectualmente fraca, mas porque não tem fundamento político.
O governo decidiu, com conhecimento prévio do presidente da Câmara Municipal de Faro, sediar em Loulé o Comando Regional da GNR, assim como no passado decidiu sediar em Loures o comando da PSP e como está em cima da mesa a saída do comando da GNR do Quartel do Carmo, em Lisboa, para um concelho limítrofe.
Será que o governo do PS está contra Lisboa, perseguindo politicamente Fernando Medina? Ninguém ousaria pensar tal disparate. Mas em Faro, o PSD e o presidente da Câmara acusam o governo de perseguição.
Importa assim esclarecer:
Quando em abril de 2015 o governo do PSD e de Passos Coelho decidiu levar de Faro para Loulé toda a estrutura do comando distrital de proteção civil e ali fixar também o centro logístico da Autoridade Nacional da Proteção Civil terá tomado esta medida contra Faro e contra o PSD Faro?
Quando o governo do PSD e de Durão Barroso decidiu levar de Faro para Loulé o Tribunal Administrativo e Fiscal estaria já em execução um plano malévolo contra o PSD Faro e a Capital do Algarve?
Convenhamos, esta conversa não tem prego nem estopa.
A capitalidade de Faro não se faz com queixume e campanhas de vitimização de cada vez que um concelho limítrofe fixa um serviço público, constrói um porto de recreio ou executa uma estrada. Pelo contrário, a Capital do Algarve precisa saber construir e estabelecer uma rede de parcerias com Loulé, São Brás de Alportel e Olhão pensando todo este território como uma única área urbana polinucleada capaz de ser competitiva a nível nacional e geradora de riqueza suficiente para oferecer melhores condições de vida aos seus habitantes, trabalhadores e visitantes.
Porque o tempo não espera por nós, convidei os presidentes de Loulé, São Brás de Alportel e Olhão para a realização de um encontro do qual resulte o início de uma base programática de desenvolvimento comum para todo este território assente num princípio base:
O Algarve precisa de uma capital forte e todos ganhamos se Faro deixar de ser uma ilha para se constituir como Polo Central e dinamizador de uma nova realidade metropolitana.
Luís Graça | presidente da Assembleia Municipal de Faro