Foi apresentado esta segunda-feira, 5 de novembro, na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, o novo site (autocaravanalgarve.com)das áreas de serviço e parques de autocaravanismo na região. Os legais, naturalmente. Os ilegais, esses, promovem-se em outros sites, outras redes, públicas, à vista de todos, sem que ninguém os fiscalize ou controle.
Só na Costa Vicentina são às dezenas. Este novo site é resultado de um longo e persistente trabalho de técnicos da CCDR que há muito estudam este segmento turístico – sim, é um segmento turístico, ainda que muitos insistam em ignorá-lo – e o conhecem bem. E sabem dos benefícios que trazem para a região, especialmente nas ditas épocas de baixa procura turística no Algarve, nomeadamente o inverno.
E conseguiram reunir os projetos legais, os respetivos responsáveis e promotores, numa rede de cooperação e promoção. Por tudo isso, estão de parabéns! Mas esta rede, possível de consultar neste site, revela algo que pessoalmente me deixa, mais uma vez, desiludido.
Em 2008, aquando dos trabalhos de valorização do interior, através da instalação da Via Algarviana e da promoção do ecoturismo, trabalhámos com a CCDR na definição de uma potencial rede de pequenas áreas de serviço de autocaravanas no interior do Algarve, nomeadamente em várias localidades em torno da Via Algarviana. Uma ideia solidamente justificada e aceite por numerosos agentes locais, inclusive autarcas.
O que se vê hoje, neste site? Aliás, o que não se vê? Isso mesmo! A ausência destas estruturas. Não por culpa da equipa que desenvolveu este projeto, obviamente. Muito queriam que a ideia tivesse tido sucesso. Acontece que, mais uma vez, o interior continua a não ter uma estratégia eficiente, prática e realista, continua a não ser encarado com a devida prioridade, continua a ser «aquele território remoto, pobre e pouco interessante» que continua despido de uma visão integrada de desenvolvimento. Como se explica que em 11 anos não se tenham estabelecido normativos simples, fáceis e práticos para apoiar estes projetos no interior algarvio?
Não foi porque não houve interessados. Houve e muitos! Esbarraram, na sua maioria, na burocracia, na ignorância dos departamentos de licenciamento, na incapacidade de dar soluções construtivas dentro de um prazo realista, entre muitos outros motivos deste género. E com tudo isto, continuamos a assistir aos ajuntamentos ilegais de autocaravanas por aí e, note-se, à perda de economia para o território. Isto tudo é simplesmente …. enfim, inacreditável!