São pequenas saladeiras que trazem 200 gramas de fruta à escolha: melancia, melão, abacaxi, uvas ou cerejas. Vem limpa, cortada e pronta a consumir, e nem falta um garfinho para ajudar. Cada uma custa três euros. A operação da «Fruits4life» começou na sexta-feira, 15 de junho, nas praias da Quinta do Lago (Gigi), Ancão, Garrão Poente e Vale do Lobo, e deverá continuar até setembro, todos os dias das 10h30 às 18h30. Dito desta forma, parece uma ideia consolidada, mas na verdade é um projeto que nasce da vontade do jovem empreendedor Sven De Weerdt.
Depois de estudar Exercício e Bem-estar na Universidade Lusófona, em Lisboa, quis fundar o seu próprio negócio. Concorreu às licenças de venda ambulante na Capitania de Faro. «Havia para as habituais bolas de berlim e para produtos alimentares naturais», descreve. A ideia de comercializar fruta nos areais algarvios já não é nova.
«Pelo que sei, existiu uma tentativa em Tavira, mas acabou devido às reclamações dos restaurantes» que se queixavam de concorrência. Ainda assim, não se deixou desencorajar. «No concurso, pediam procedimentos de segurança alimentar (HCCP). A fruta tem de estar conservada em bom ambiente, não muito frio, nem quente. Se fosse um produto com ovos ou laticínios, a atividade teria mais controlo, tal como acontece com os bolos. Neste caso, é relativamente simples. A preparação e o corte são a parte mais complicada. A fruta tem validade de três a quatro dias, embora vamos tentar mantê-la o mais fresca possível. Se sobrar, queremos encaminhar tudo para a solidariedade. Se alguém ler esta notícia e quiser as cascas para processar, ou para a alimentação de animais, nós estamos abertos», garante Sven De Weerdt. Uma grande dificuldade tem sido contratar pessoal. O jovem divulgou a oferta de emprego em todos os grupos temáticos nas redes sociais «Ainda estou à procura. Tive muitas respostas, mas muitas pessoas não estavam legais, e queremos trabalhar de forma limpa. O pagamento será feito por comissão de venda», sendo emitido um ato isolado no final da época.
Nesta fase inicial, Sven De Weerdt vai ser um dos vendedores no areal. «É um trabalho duro. A dificuldade maior é o calor e a areia. Mas no intervalo para recarregar o saco, que só pesa cinco quilogramas e é uma mochila, as pessoas podem descansar um pouco e dar um mergulho. Cada vendedor recebe duas t-shirts, um fato de banho e um chapéu, de forma a estarem bem identificados».
De momento, o foco está nas praias, mas a empresa não pretende ser sazonal, até porque há todo um nicho por explorar. «Queremos fornecer eventos, festas de anos de crianças, empresas que queiram ter fruta fresca para oferecer aos clientes e colaboradores, de modo a aumentar a produtividade e diminuir os riscos de doença. Não digo que a fruta é a solução, não é. Mas ajuda a ter uma alimentação mais saudável. Também estamos a negociar com campos de golfe que poderão querer disponibilizar fruta aos jogadores» nos greens.
Para já, o investimento inicial na start-up deve rondar os 5000 euros. E como é ser empreendedor, no Algarve em 2018? «Sigo vários empresários e líderes nas redes sociais. Parece tudo muito fácil. Na realidade, quem tem as ideias enfrenta um sistema que muitas vezes não ajuda e que pode ser bastante desmotivador», descreve.
Numa altura em que a poluição provocada pelo excesso de plástico é contestada, Sven De Weerdt não faz do tema tabu. «Sim, estou consciente. Se correr bem, para o ano quero usar materiais recicláveis, menos agressivos para o ambiente. Como estamos numa fase experimental, de lançamento, tentámos reduzir os custos ao mínimo. É triste, mas o plástico é o mais barato para uma empresa que está a começar. O futuro serão outro tipo de materiais», compromisso que assume. E se o conceito resultar, o jovem luso-belga pensa expandir o negócio da «Fruits4life» para outras praias no litoral português, em parceria com ex-colegas de curso.