A Rede de Museus do Algarve vai assinalar uma década de vida, estando a preparar o lançamento de um guia bilingue destes equipamentos culturais na região e as primeiras jornadas sobre este projeto. A estrutura foi criada em 2007, em Albufeira, e acaba por ser quase invisível aos olhos da população.
No entanto, o trabalho promovido em cada um destes museus é complementado por este projeto de troca e partilha de experiências, opiniões e saberes. A rede é um instrumento que permite reunir quem trabalha nestes espaços culturais, como os técnicos, e que coloca todos a trabalhar para o bem comum da valorização dos equipamentos que estão distribuídos pela região. Não tem funcionários a tempo inteiro, nem é esse o objetivo.
«É formado pelos profissionais que estão nos Museus. É um pouco invisível, porque está dentro dos museus», e leva a que «se encontrem, façam reuniões, se apoiem» uns aos outros, explicou José Gameiro, diretor cientifico do Museu de Portimão, um dos espaços museológicos que integra esta estrutura. Na semana passada, por exemplo, houve uma reunião em Faro, onde participaram também os técnicos e os diretores para preparar as primeiras Jornadas da Rede de Museus do Algarve e uma edição bilingue que compila num guia todos os espaços museológicos da região.
«Haverá várias iniciativas em março», altura em que a rede assinala a primeira década de vida. Se esta estrutura não existisse, cada museu teria mais dificuldade em criar atividades que, no fundo, são transversais no que diz respeito à valorização destes locais.
«Não havendo uma estrutura regional que nos junte, que nos chame, que nos faça participar, a rede é a única que leva a que haja cinco grupos de trabalho, quer da arqueologia, de conservação e restauro, de património imaterial, de educação e de tecnologia», explicou José Gameiro ao «barlavento». Apesar de não ser um esforço transparente no dia a dia da população ou dos visitantes dos museus, esse trabalho mostra-se quando, por exemplo, são organizadas exposições como a alusiva aos «pioneiros do conhecimento cientifico do Algarve».
«Agora vamos elaborar o guia dos museus com o apoio do Turismo e estamos a preparar as primeiras jornadas da Rede de Museus do Algarve, que terá lugar a 17 de março, em Loulé», avançou José Gameiro. Há a outra base de apoio nesta estrutura, pois os profissionais de cada museu conhecem-se. Ou seja, «os técnicos de restauro num museu podem apoiar outro, com uma informação, um parecer», exemplificou o diretor científico.
«Esta é também uma forma de revitalizar e colocar em contacto os profissionais dos museus do Algarve, porque se não houvesse esta estrutura quem é que fazia esta ligação?», questionou. Esta rede é apoiada pelas tutelas, que reconhecem a importância desta organização. No entanto, parte do voluntarismo de cada um dos profissionais. Para este ano, a rede manterá o grupo coordenador de 2016 para que haja uma continuidade nos compromissos das comemorações. É a exceção à regra, pois todos os anos há uma nova eleição de coordenadores para que todos tenham igual oportunidade. Portimão é um dos equipamentos que pertence a este grupo, tal como o Museu do Traje, em São Brás de Alportel, o Museu Municipal de Vila Real de Santo António, o Parque Natural da Ria Formosa e o Centro de Ciência Viva do Algarve, em Faro. No caso do Museu de Portimão, além de integrar esta rede e participar na preparação destas comemorações, haverá atividades que já são uma tradição serem promovidas».
«Por isso, estão a ser criadas surpresas para animar a programação do Museu de Portimão, em maio, o Dia na Pré-história, nos Monumentos Megalíticos de Alcalar, em abril, bem como as efemérides do Dia da Cidade. Por essa altura, em princípio, o Museu deverá receber uma iniciativa sobre o prémio Nobel alemão Günter Grass, estando também a ser estudada para o aniversário do Museu de Portimão uma exposição sobre o associativismo e integração dos imigrantes. Uma mostra que explore o que é ser portimonense. «Não só aqueles que nasceram, mas também os que vivem cá e que são de outras origens. É como se fosse uma visão de todos somos Portimão, independentemente de onde viemos e do que somos», esclareceu José Gameiro. Está ainda programada uma exposição sobre jogos tradicionais, bem como as mostras que costumam estar patentes no hall de entrada ao longo do ano, sempre com temáticas que se cruzam com a indústria, o mar, o rio, a realidade de Portimão.