Os dados do relatório síntese tornado público pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), em maio, com respeito a 2017, traduzem uma duplicação do número de queixas dos utentes de serviços de saúde na região. Registou-se um acréscimo de 103 por cento, o qual compara com o crescimento de queixas a nível nacional de 18 por cento.
No total, o Algarve representou em 2017, oito por cento do total de queixas do país, quando em 2016, somava 4,6 por cento (2762 queixas). Nenhuma outra região verificou acréscimo desta ordem de grandeza, seja em termos relativos ou absolutos. Ou seja, no ano passado foram submetidas à ERS 5596 reclamações relativas a prestadores de cuidados de saúde do Algarve, o que perfaz um rácio de 6,9 reclamações por cada mil habitantes.
A Unidade Hospitalar de Faro do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) 1940 queixas, mais 1117 que no anterior, 142 por cento de aumento,tornando-se o segundo com mais reclamações a nível nacional. Ainda no top10 do pior desempenho, em primeiro lugar está o Centro da Saúde de Portimão, sendo a unidade sem internamento com mais queixas do país. Nesta tabela, estão também os de Faro (segundo lugar) e Albufeira (nono lugar).
Face a estes resultados, os deputados Cristóvão Norte e José Carlos Barros do PSD, através de requerimento, exigem conhecer o plano de intervenção do Ministro da Saúde para corrigir a situação. «O Algarve não consegue estancar a hemorragia que tem na saúde. Faltam recursos humanos, organização, estabilidade nas orientações, uma estratégia.
Ano após ano, o problema piora. O governo tem de olhar para estes números como um grito de dor e desespero, de legítima frustração de quem sente que o acesso à saúde só existe no papel», resume o social-democrata Cristóvão Norte. «Quando os utentes reclamam em número tão expressivo estão, no fundo, a dar expressão ao que os números dizem: menos consultas de especialidade, maior morbilidade, urgências em condições degradantes, menor produção clínica e piores cuidados», acrescenta ainda, em nota enviada à imprensa.