Era uma vez três jovens algarvios a lutar por um lugar ao sol na posição futebolística com menos vagas: guarda- -redes. Esta história passava-se em 2006 e os nossos rapazes eram (e ainda são) tão bons que todos eram titulares na seleção do Algarve de sub-15, mas nenhum tinha lugar cativo. Se era mau?! Pelo contrário! Era excelente, porque tal situação levava a um elevado empenho, com o consequente desenvolvimento, por parte de todos eles.
Contudo, o azar bateu à porta de um deles, Vasco Martins, um jovem simpático, mas algo reservado, de 15 anos de idade, natural de Estoi, Faro. Em maio desse ano, partiu um pulso, a menos de um mês do Torneio Lopes da Silva, a grande montra anual para os jovens futebolistas algarvios. Escusado será dizer que não conseguiu recuperar a tempo de mostrar o seu talento. Os seus rivais alinharam, deram nas vistas e saltaram, no final do Verão, um para o Sporting Clube de Portugal (SCP) e o outro para o Sporting de Braga. Ao Vasco, restou-lhe ficar mais um ano no Algarve, esperando a oportunidade para dar o salto, de preferência para o SCP, seu clube do coração, desde sempre.
«Mas, se aparecer um convite de outro lado… e os pais me deixarem ir…», está aberto a propostas, disse. «Aos cinco anos, entrei na EASporting-Faro, a escola de futebol do Sporting do Algarve, onde fiz dois ou três campeonatos. Depois, eles entraram em dificuldades financeiras e mudei-me para o Farense, onde me mantive até julho de 2016, quando o Sporting Clube Olhanense me contactou uma vez mais, me ofereceu melhores condições de treino e eu mudei.
E estou muito feliz por tê-lo feito, pois sinto-me muito bem neste clube», contou. Durante vários verões, Vasco Martins fez estágios na Academia do Sporting. E que participou em vários Mundialitos, nas férias da Páscoa, e em alguns Open Guadiana. O «barlavento» também sabe que se iniciou no futebol como defesa-central, até que um dia «não tínhamos guarda-redes, o treinador perguntou quem queria ir para a baliza e eu ofereci-me.
O jogo correu-me bem e tudo começou aí. Nasceu a paixão por essa posição, na qual fui selecionado várias vezes», conta o jovem a quem o avô ofereceu uma baliza, quando tinha quatro anos, na qual se iniciou nas lides do futebol. Em jeito de auto-avaliação, Vasco Martins considera que «joga bem com os pés» e gosta de vir fora da área, como líbero. «Os meus ídolos são o Manuel Neuer e o Cláudio Bravo, que dominam o jogo fora da área, com os pés».
Mas logo acrescentou outro. «E o Schmeikel, que jogou no Sporting, de quem o meu avô me fala tanto. E vejo vários vídeos dos jogos dele».
Este jovem de 15 anos cursa o 9º ano de escolaridade, com uma carga horária das 8h30 às 16h30, acrescida de treinos de futebol, três a quatro vezes por semana. Mais os jogos ao fim de semana. E consegue ser bom aluno. «O tempo tem de ser bem gerido», disse.
Questionado sobre como se sente, quando os amigos vão para festas e tem de recusar, admitiu que «às vezes, é um pouco complicado, mas é um esforço que temos de fazer. Vou ao cinema e a algumas festas, mas nos dias dos jogos, não dá». Ainda não definiu bem a sua vida futura, mas sabe que o futebol é uma atividade ingrata, que é difícil chegar ao topo e que pode ser uma carreira curta. Por isso, «a escola é importante. Ainda não sei muito bem o que irei estudar, mas, em princípio, vou seguir para a área de ciências e tecnologias. Um curso de gestão desportiva talvez seja o objetivo, para poder continuar ligado à atividade, quando parar como praticante».