Paredes íngremes, desníveis urbanos e muros quase intransponíveis entre prédios, para Sérgio Bödtker-Lund não são obstáculos, mas desafios à perícia física e mental. Este atleta profissional veio de Lisboa até ao sul para fundar a primeira escola de parkour do Algarve.
«Encaro o parkour como um estilo de vida. Já faz parte de mim. Incentiva-me a ver o mundo que me rodeia de uma forma diferente», diz Sérgio Bödtker-Lund, 26 anos, a viver em Albufeira, onde já inspira novas gerações a percorrer os melhores spots da região.
«O parkour vem da palavra francesa parcours que significa percurso. Traceur é o nome que se dá ao praticante. Na sua definição mais concreta, o objetivo é ir de um determinado ponto a outro, de forma mais rápida e eficiente possível, utilizando apenas o nosso corpo como ferramenta, transpondo todo o tipo de obstáculos e desafios que surgem no caminho. É um método de treino bastante completo, tanto a nível físico, como mental. E pode ser praticado em qualquer sítio», explica Sérgio Bödtker-Lund.
«A modalidade tem como principal influência o chamado método natural, um treino criado pelo instrutor Georges Hebert, que busca não só trabalhar todo o corpo como diversas capacidades físicas e mentais, como correr, saltar, levantar, nadar, equilibrar, escalar, e defender, entre outras».
Tudo começou em 2007, quando Sérgio Bödtker-Lund se juntou a um grupo de entusiastas na zona de Cascais e Lisboa, ainda o parkour dava os primeiros passos em Portugal. A partir daí, «foi sempre a subir», conta ao «barlavento».
«Algo mágico estava a acontecer nessa altura. A sensação que sentia, e ainda hoje sinto quando, por exemplo, tenho o prazer de subir uma parede mais rápido que no dia anterior, fazer ou aperfeiçoar um novo movimento», descreve.
Sérgio e o colega Patrick Gerken dinamizam treinos na antiga escola de Pêra, todos os sábados, entre as 16h00 e as 17h30, e em Portimão todas as quartas-feiras, entre as 18h30 e as 19h30, na Escola José Buisel. São «abertos a qualquer pessoa interessada, de qualquer idade ou género». Para praticar, é apenas necessário «ter uma base mínima de condição física, motivação, calças de treino e ténis de desporto confortáveis. Nada mais!», garante.
Sérgio e Patrick pretendem dar visibilidade a esta modalidade urbana, desmistificar mitos e contribuir para acabar com conotações negativas ou preconceitos, e explicam que, nesse sentido, em breve irá nascer a Associação Portuguesa de Parkour. O próximo encontro nacional de praticantes realiza-se no domingo, dia 5 de fevereiro, no Parque das Nações, em Lisboa.
Além das aulas, Sérgio integra ainda o projeto «Baía dos Piratas», em exibição no Zoomarine desde 2013. A performance de 30 minutos consiste num «espetáculo de novo circo. Todos os anos criamos uma nova aventura que marca um regresso dos piratas. É um mundo de fantasia que mistura comédia e ação. Faz grande sucesso entre o público». O espetáculo decorre de abril até ao encerramento deste parque temático, e conta com coreografia e argumento de Miguel Costa e cenografia de Daniela Laginha. De acordo com Sérgio Bödtker-Lund, é apenas um «bom exemplo de como o parkour pode ser colocado ao serviço das artes» performativas.
Mais informações podem ser obtidas pelos contactos 913 887 379 e 969 585 361.