O espaço nasceu em setembro do ano passado. Foi um desafio lançado pela Câmara Municipal de Loulé, que transformou o Convento Espírito Santo, então vago devido à extinção do Instituto Superior Dom Afonso III (INUAF), em incubadora para designers e empreendedores das áreas criativas. Olhando para o trabalho desenvolvido nos últimos meses, o coordenador Henrique Ralheta, está satisfeito com os resultados. «Partimos para esta aventura com o objetivo concreto de apoiar a comunidade criativa em Loulé e ajudar à sua fixação, e integrados no projeto Loulé Criativo, trabalhar em diálogo com os agentes culturais e económicos locais e em especial com a rede de artesãos do concelho. Tínhamos algum receio de que numa posição geográfica periférica em relação aos grandes centros criativos, não tivéssemos muita procura. Numa fase inicial apareceram 14 propostas e acabaram por ficar 10 projetos residentes. Foi um número perfeito para o arranque», contabiliza ao «barlavento».
Esta primeira dezena inclui «projetos bastante heterogéneos, mas o sentido de comunidade estabeleceu-se de imediato e nasceram várias colaborações e sinergias, quer entre eles, quer com o que o concelho tem para oferecer», acrescenta. «Estes meses serviram para avaliarmos o modelo. Fizemos alguns acertos e estamos a lançar uma nova fase de candidaturas, aberta até dia 1 de junho, para a entrada de uma segunda geração de projetos», revela. Os interessados devem preencher um formulário online (louledesignlab.pt), onde está também disponível toda a informação de suporte.
«Em parceria com a Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia (CRIA) da Universidade do Algarve (UAlg), vamos avaliando as necessidades e apoiando os projetos, com foco na liberdade criativa, mas também na qualidade, na viabilização e consolidação dos mesmos, com uma grande consciência das dinâmicas do mercado global. Operamos a partir deste território e somos uma comunidade com uma identidade muito particular e enraizada, o que faz parte da sua força», acrescenta.
«Embora o Loulé Design Lab seja ainda muito recente, já conseguiu notoriedade local e nacional. Temos uma estratégia de comunicação dinâmica e integrada, em rede. Isso tem atraído interesse e temos recebido bastantes desafios, de diferentes eixos culturais, económicas e académicos. Somos contactados por criadores, investigadores e até por outras estruturas autárquicas que procuram casos de boas práticas», diz Henrique Ralheta.
Em novembro, teve início um ciclo de conversas com vários convidados, à media de duas por mês. Os temas circulam à volta do design, cultura local, estratégias de promoção e crescimento de negócios. A seguir à apresentação de cada orador, os presentes colocam as suas questões, num ambiente muito informal. «Por exemplo, na última conversa sobre direitos de autor, com o João Laborinho Lúcio, tínhamos presentes duas turmas da UAlg, músicos e argumentistas. Este mês vamos ter a primeira conferência, fruto da colaboração com o IKEA, e é desde logo destinada a designers, artesãos e aos lojistas de Loulé. Isto mostra um pouco o que queremos que seja o nosso raio de ação».
A primeira conversa está agendada para sexta-feira, 20 de abril, com o projeto «Pidutournée», residente no Loulé Design Lab, que junta a designer Verónica Guerreiro ao artista Paulo Tomé. Estão a desenvolver objetos de design ecológico construídos com materiais orgânicos locais – pedras e troncos de árvores – que se conjugam com materiais reciclados ou reutilizados como o papel, cordão, cartão, vidro entre outros. As peças são produzidas utilizando técnicas arcaicas e artesanais (ligações e entalhes), com uma linguagem própria e provocadora. Estes trabalhos deram origem à exposição «Ponto de Retorno», que pode ser vista em vários locais da cidade. Já a conversa com a dupla de designers da IKEA está marcada para 27 de abril.
«A nossa existência é reflexo de uma visão da autarquia louletana que aposta nas diferentes frentes da criatividade para o desenvolvimento e crescimento sustentável do território. A nossa ambição é grande e ainda há muito para fazer. Mas a energia só cresceu», conclui Henrique Ralheta.
Prémios Design do Algarve 2018 aceitam candidaturas até 30 de abril
Os prémios de Design do Algarve pretendem distinguir um conjunto de projetos profissionais em três áreas do design (comunicação, interiores e produto), numa iniciativa conjunta da AND – Associação Nacional de Designers e da Câmara Municipal de Faro, realizados e implementados no Algarve durante o ano de 2017.
O objetivo é distinguir os melhores exemplos de design de qualidade, assim como o investimento em inovação e investigação na área do design da região do Algarve.
Na área do design de comunicação serão considerados os trabalhos realizados nas categorias de cartaz, marca, branding, identidade visual, campanha de comunicação e sinalética.
Em design de interiores, podem candidatar-se trabalhos realizados nas categorias de design de espaços públicos e espaços privados. Por fim, na área do design de produto, serão distinguidos trabalhos realizados nas categorias de design de produto/ industrial.
Podem apresentar candidatura, designers ou empresas de design nacionais e internacionais até 30 de abril de 2018 através da plataforma: www.and.org.pt/premiosdesignalgarve.
A deliberação final de cada um dos premiados será tornada pública a 26 de maio de 2018, no encerramento do 8º Algarve Design Meeting.