A empresa algarvia «Sun Concept – Solar Boat Builders» é a única construtora naval do país presente na edição de 2017 da boot, a maior feira europeia de náutica de recreio e desportos náuticos, que decorre em Düsseldorf, na Alemanha, de 21 a 29 de janeiro.
Construído com todo o rigor e brio no sotavento algarvio, o barco fará uma estreia que promete surpreender o mercado europeu, já que o casco e todo conceito foi desenvolvido no sul de Portugal. «Vamos ter um stand na zona das embarcações a motor», embora neste caso, trabalhe em exclusivo com energia limpa renovável, explica João Paulo Bastos, biólogo marinho e responsável pelo sector comercial da empresa.
«Pensamos que só por si, o barco vai ser algo bastante diferenciador. Além disso, vamos ter uma apresentação multimédia do nosso próximo grande projeto, o catamarã elétrico» cuja construção também deverá avançar ainda este ano. «Vamos tentar fazer uma aproximação não só ao cliente final, mas também aos operadores de turismo que vão estar presentes nesta feira. A nossa intenção é chegar também a alguns potenciais representantes da nossa marca noutros países», estratégia que poderá alavancar a internacionalização da empresa algarvia.
Em stock estão três exemplares prontos para entrega. Um tem como destino a Quinta das Murças, no Douro, outro será operado no Tejo, e o último destina-se a um cliente particular que o pretende utilizar numa barragem. Na prática, isto significa que a produção desta start-up está vendida. «Sim, e aguardamos luz verde para avançar com mais encomendas que estão pendentes.
Algumas são de pessoas que estão à espera de resultados de candidaturas e apoios à criação de negócios», explica. É uma lista de espera que ronda as 15 embarcações para 2017. «Destas, sete serão para o novo layout, que usa o mesmo casco, o SunSailer 7.0 PRO. É um barco de trabalho, aberto, de construção mais simples e com mais espaço de carga. Pode ser utilizado por viveiristas, mariscadores, profissionais da pesca, ou por operadores marítimo-turísticos que não ponderem fazer passeios de charme, mas sim carreiras curtas ou mergulho», esclarece João Paulo Bastos.
O barco eletrosolar SunSailer 7.0 MT tem um preço de tabela de 37 700 euros (mais IVA), «o que é um valor muito aceitável dentro daquilo que existe no mercado, para embarcações com estas dimensões e a mesma capacidade de passageiros».
Questionado sobre o próximo modelo, Manuel Lázaro Brito, investidor principal da «Sun Concept» revela que será «um catamarã de 12 metros, de linhas leves e fluídas. Estamos a apostar muito no desenho para conseguirmos ter uma velocidade de navegação agradável com uma potência muito baixa. Isto só se consegue com cascos muito eficientes». Ao contrário do que acontece com os automóveis elétricos, «terá uma autonomia ilimitada, pois as baterias estão sempre a ser carregadas pelo sol».
Este ambicioso projeto abandona as baterias convencionais, em prol da tecnologia AGM (Absorbed Glass Mat), de melhor desempenho, embora a empresa esteja a procurar uma solução de armazenamento em lítio. «Já existe em Portugal, mas é uma construção muito mais complexa. Todos os componentes têm de obedecer a protocolos entre si» de forma a evitar a sobrecarga no (re)carregamento nas sensíveis baterias de lítio. «Estamos a chegar à conclusão que teremos de programar tudo de raiz em conjunto aqui, o que será uma evolução tecnológica muito grande», acrescenta João Paulo Bastos.
Além deste fator, o preço por kilowatt é cerca de 12 vezes superior em relação às baterias de chumbo. «A nossa luta é encontrar soluções competitivas, um ligação otimizada entre painéis, baterias e motores a preços competitivos». O futuro catamarã solar está previsto ser produzido em três versões, uma de turismo (MT) com área de bar e casa de banho, outra de transporte até 40 pessoas para carreiras, e uma variante de cruzeiro cabinado, com cozinha e acabamentos em madeira de alta qualidade, na casa dos 200 mil euros.
«Vai ser o nosso primeiro barco apontado para o mercado do recreio. E terá uma vantagem em relação aos tradicionais, é que não vai gastar combustível», conclui.