O Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve (UAlg) está a realizar vários trabalhos de investigação sobre o efeito dos microplásticos em moluscos bivalves, tendo sido publicadas, recentemente, as mais recentes conclusões na revista Frontiers in Marine Science (FMARS).
Esta publicação resultou de uma colaboração com a Universidade de Antuérpia, na Bélgica, e o Man-Technology-Environment Research Centre (MTM) da Universidade de Orebo, na Suécia.
Realizada no âmbito do projeto JPI Oceans EPHEMARE, a investigação centra-se nos efeitos ecotoxicológicos de microplásticos com outros contaminantes (componentes de petróleo, componentes de bronzeadores) absorvidos em ecossistemas marinhos. Os microplásticos são plásticos com dimensão inferior a 5 milímetros, que resultam da degradação do plástico no oceano.
No artigo agora publicado concluiu-se que os microplásticos têm um efeito inflamatório na espécie estudada e que são também uma fonte de contaminação com outros contaminantes como os derivados dos hidrocarbonetos para os organismos marinhos.
Refira-se que num artigo publicado, em 2017, na revista «Marine Pollution Bulletin» pela equipa do CIMA, em colaboração com investigadores do Centro de Química-Física Molecular e do Instituto de Nanociências e Nanotecnologia do Instituto Superior Técnico, já se havia concluído que estes bivalves podem acumular microplásticos nos seus tecidos.
Essa acumulação dá origem a stress oxidativo, efeitos neurológicos e genéticos. Mesmo após a exposição aos microplásticos terminar, a eliminação total dos tecidos destes bivalves demora mais de uma semana, indiciando a possibilidade destes microplásticos acumulados poderem ser transferidos para níveis tróficos superiores.
Estima-se que, atualmente, existam 150 milhões de toneladas de plásticos nos oceanos, e que em 2050 poderão ascender os 850 milhões de toneladas, altura em que se prevê que haja mais plástico do que peixe no oceano.