«Do meu ponto de vista, nós temos dirigentes, sejam eles políticos ou associativos, muito low profile», considera Álvaro Viegas, presidente da Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL), em entrevista ao «barlavento».
«Já tivemos, no passado, gostando ou não, simpatizando ou não, dirigentes que tinham algum peso e alguma força. Temos de ter algum cuidado, porque a região é pequena. Temos 400 mil habitantes. É verdade que contribuimos em muito para o PIB do país, através do turismo. Mas temos de nos fazer ouvir mais. E faltam-nos dirigentes de peso. Aliás, basta perguntar ao cidadão comum se é capaz de elencar quem são os nossos nove deputados», desafia.
«Temos a Assembleia Geral da Região de Turismo, mas acredite que são poucos os presidentes de Câmara que vão» às reuniões. «Temos a AMAL-CI, mas precisamos de um órgão onde estejam os autarcas, os diretores regionais, o presidente da CCDR, as associações empresariais, culturais, ambientais, os sindicatos e onde todas estas entidades possam estar. Não existe. E, portanto, continua cada uma a falar por si. E isso enfraquece o Algarve, porque a voz nunca é única», considera.
«O poder está muito polizado, tem muitos polos, muito locais, com as 16 autarquias cada uma a puxar por si. Tirando a questão da exploração do petróleo, que uniu a região, é difícil encontrar outras questões de consenso. E, portanto, era necessário que houvesse um fórum onde todos pudessem encontrar-se».
Por isso, «a ACRAL quer ser um parceiro e ter intervenção política (não partidária). Vamos querer marcar a agenda com três conferências, uma sobre economia, outra sobre regionalização e outra sobre a saúde, que é um dos temas que deve preocupar o Algarve», em novembro, sempre no Teatro Lethes, em Faro.
Para já, avança o debate sobre «Economia e Desenvolvimento Regional», com Rui Rio e Álvaro Beleza, oradores escolhidos com «a preocupação de não ir buscar pessoas que estão no governo, porque depois, forçadamente teríamos de ir buscar alguém da oposição, com a ACRAL no meio, quase que a mediar o debate político. Não é isso que pretendemos. O Rui Rio e Álvaro Beleza são pessoas de quadrantes políticos diferentes, toda a gente sabe quais são os partidos deles, mas não estão no ativo. Não têm cargos governamentais, estão fora da vida política ativa».
O debate será moderado pelo diretor geral da Megafin/Jornal Económico, Vítor Norinha. Estão convidados também vários responsáveis regionais, que farão as suas intervenções e haverá um espaço para o público comentar e colocar perguntas.
O próximo evento abordará o tema da regionalização. Álvaro Viegas quer convidar Miguel de Sousa Tavares que «tem uma visão muito crítica sobre muita coisa que se tem passado no Algarve» e Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto. A participação é livre, mas sujeita a inscrição aqui.