Foi preciso uma grua telescópica pesada para colocar no terraço do Tivoli Carvoeiro (ex-Almançor) uma viatura clássica que promete vir a ser uma atração de verão, não apenas para os hóspedes, mas para quem visitar aquele destino turístico no concelho de Lagoa. O objetivo era mesmo encontrar uma peça diferente, mas funcional, explica o chef Bruno Rocha, 40 anos, um lisboeta algarvio adotivo de São Brás de Alportel.
«Esta temporada abrimos o novíssimo Sky Bar. Este tipo de espaços estão na moda. Proporcionam ambientes jovens, trendy, mas a maioria tem uma fraca componente de comida. Não apenas na região, mas um pouco por toda a parte. Pensámos: porque não ter também essa vertente?», detalha.
«Então, resolvi procurar uma carrinha Citroën vintage. Encontrei-a em Lisboa. Chama-se Chic Fourgonnette. Foi usada na distribuição e venda de leite. Agora está toda equipada para servir comida, com fornos e fogão. Ter uma carrinha num bar que supostamente é para cocktails ao pôr do sol, é uma ideia louca», afirma. E já lá está no topo do edifício. «Nunca ninguém fez isto em Portugal», sublinha Bruno Rocha.
«Vamos ter hambúrgueres, mas em miniatura, de camarão da costa. Comida de rua, servida da mesma forma como a comeríamos de madrugada, à porta de qualquer sítio, mas inspirada na cozinha regional» e com um toque original do chef. Este ano foi montada uma escada de acesso ao Sky Bar a partir do exterior (não é necessário passar pela receção do hotel). No próximo, a ideia é acrescentar um elevador direto.
A festa de abertura está marcada para sábado, dia 23 de junho, das 18 à 1 hora, sendo aberta ao público. Será animado pelo artista Your Song, The Elton John Tribute, o único autorizado pelo cantor britânico a interpretar o seu repertório. O bilhete custa 60 euros por pessoa, incluindo bebida de boas-vindas, cocktail dinatoire com buffet, seleção de bebidas e uma bebida no Sky Bar Carvoeiro. A animação continuará a cargo de Mark Guedes, o DJ oficial da rádio M80, e do saxofonista Mário de Souza Dias.
Algarve marca a identidade do renovado hotel Tivoli Carvoeiro
Bruno Rocha começou a trabalhar em todo o conceito gastronómico do Tivoli Carvoeiro logo em janeiro, embora a contratação oficial tenha sido em março, a convite do diretor-geral Mário Custódio, com quem já tinha trabalhado, no Anantara Vilamoura (ex-Tivoli Vitória) de 2011 a 2016. Está de regresso ao sul depois de uma passagem pela capital onde foi, nos últimos dois anos, chef executivo do Bairro Alto Hotel. Regressou para ficar mais próximo da família, e também pelo desafio de criar algo novo e único, de raiz, neste hotel agora pertencente à cadeia Minor, onde ocupa o cargo de chef executivo.
A subida de quatro para cinco estrelas tem alguns desafios. «Comecei por preparar a equipa, passar-lhes a minha filosofia de espírito de grupo, união, lealdade e respeito. Era importante começar a colocar um ritmo de trabalho diferente, mais exigente para este tipo de mercado. Tenho a missão de desenvolver todos os conceitos de food and beverage, e portanto, acabo por ser um diretor de gastronomia e não apenas um chef de cozinha», explica ao «barlavento». Neste primeiro ano de operação, tudo o que será servido à mesa, nos vários outlets do hotel, segue a sua filosofia.
«Foi-me dada carta branca e total liberdade. Não quis uma cozinha agressiva, excessivamente cara, técnica, ou evolutiva, nem demasiado pessoal em que o chef coloca muito o seu cunho. Prefiro centrar-me mais naquilo que a região tem para dar», sublinha. A frente oceânica e a paisagem das falésias são o dominante no principal restaurante, o «The One | Wine Boutique».
«Defini que a carta iria ser muito virada para o mar e também para o interior algarvio», sendo que 90 por cento dos vinhos da garrafeira são regionais. «Hoje, no Algarve fazem-se espumantes, colheitas tardias, tintos excelentes. Usamos nove variedades de tomate produzidos na zona de Moncarapacho. Têm pontos de acidez diferentes que variam com a exposição ao sol. E usamos variedades de abacate produzido no Algarve, com maturação muito boa», acrescenta.
«Muitos grupos hoteleiros são conservadores. Falta atrevimento, falta opinião, e falta sobretudo a nossa portugalidade. Isso é algo que hoje está muito marcado em Lisboa ou no Porto. Mas aqui ainda não», compara. «Os turistas têm que experimentar aquilo que temos» de melhor. Como? «Colocámos no restaurante da piscina, uma bifana em bolo do caco. Fazemos a nossa massa de pimentão para marinar a carne, e a manteiga de chouriço para cozinhar as bifanas. Se eu contar a forma como faço este prato a um turista, ele vai querer experimentar». Explicar este conceitos, «é um trabalho não apenas de um chef, mas de toda uma região e de uma país».
Bruno Rocha formou-se em cozinha e pastelaria na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve em 2000 e desde então têm vindo a trabalhar sempre na hotelaria de topo. Ganhou quatro «Garfos de Ouro» do jornal Expresso Edições Boa Cama/Boa Mesa entre 2012 e 2015. Em relação ao futuro, «não vou ficar só por aqui. A minha missão na empresa é construir projetos e desenvolver cada vez mais a marca Tivoli».