Joaquim Peres, presidente do Conselho de Administração da Águas do Algarve, desafiou hoje as universidades, em conjunto com as empresas do grupo Águas de Portugal, a estudarem formas de otimizar o potencial «energético das lamas», um subproduto resultante das Estações de Tratamento de Águas Residuais. O apelo foi lançado esta manhã, durante a sessão de abertura do primeiro encontro «Desafios da Água» que está a decorrer no Palácio de Congressos do Algarve, em Albufeira.
«As lamas secas têm um poder combustível importante. O seu aproveitamento pode traduzir-se numa poupança em fuelóleo muito importante em unidades industriais que possam utilizar a sua capacidade calorífica. Isto tem de ser objeto de um estudo que envolva não só empresas, mas também as universidades, para investigar novas formas de criar uma maior valia deste subproduto do saneamento», explicou ao «barlavento».
Num ano em que a empresa que gere o abastecimento de água e o saneamento na região se prepara para inaugurar duas novas infraestruturas (Companheira e Faro/Olhão), a ideia é também, no futuro, poder vir a retirar elementos como o azoto ou fósforo, nestas e outras ETAR da região.
No final do ano passado, a Águas do Algarve assinou um protocolo com a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, para reutilizar as antigas instalações laboratoriais no edifício daquela entidade, no Patacão, em Faro, entretanto desativadas, e que darão lugar ao novo laboratório central da empresa.
«São necessárias obras de reformulação, novas redes para todos os fluídos, e questões que têm a ver com a energia e a informática. O ideal seria uma construção de raiz. Mas temos de ter a noção dos fundos disponíveis no país. Tentámos encontrar uma solução de utilização racional de um espaço que não estava a ser usado e que tinha todas as apetências para poder ser», explicou ao «barlavento».
O investimento rondará os 1,5 milhões de euros e está em fase de concurso público. Peres prevê que o laboratório central esteja a funcionar já em 2019. «A maior parte dos equipamentos já existem, terão de ser exportados. Será um trabalho interessante de planificação, garantindo que durante a mudança, todas as análises vão ser feitas, e a qualidade da água garantida», sublinhou.
A nova estrutura permitirá processar amostras da rede de abastecimento público e também das saídas das ETAR, e ainda, «prestar serviços a outras empresas».
Outra novidade é que a frota 16 viaturas de serviço 100 por cento elétricas. «É motivo de satisfação e responsabilidade. Sabemos que esta nossa indústria consome muita energia. Todos os passos que possam ser dados no sentido de minimizar o consumo da via fóssil, devem ser acarinhados», disse. Até porque hoje, a autonomia dos veículos elétricos já tem um alcance considerável, embora a logística e a organização de trabalho da empresa tivesse «de ser repensada».
Os carros elétricos serão carregados quer numa nova rede interna, que estará instalada até final de março nas várias infraestruturas da Águas do Algarve, quer através dos pontos de acesso público (MOBI.E).
«Claro, tudo isto pode ser potenciado. Neste momento, temos parques de painéis fotovoltaicos nas ETAs de Alcantarilha e Tavira, a produzir energia para consumo interno. Temos terreno disponível na ETAR de Vila Real de Santo António, e portanto é uma possibilidade, aliada também a uma situação de secagem solar de lamas, ao exemplo do que será instalado na Companheira, em Portimão, e em Faro/Olhão», concluiu.