A Câmara Municipal de Faro vai denunciar o contrato de comodato que tem celebrado com a Associação de Utentes do Parque de Campismo da Ilha de Faro, de forma a libertar aquele espaço e devolver-lhe utilização pública. A garantia foi dada pelo autarca farense Rogério Bacalhau, em conferência de imprensa, na segunda-feira, 18 de junho.
«Espero poder lançar o concurso ainda este ano, rapidamente. Levará algum tempo, mas gostaria de no próximo ano, lançar obra para que no final de 2019, princípio de 2020, poder ter pronto esse equipamento tão desejado por todos os farenses há muitos anos. Desde que estou aqui, não há mês nenhum em que alguém não me pergunte quando é que temos um parque de campismo na verdadeira acessão da palavra. Neste momento, temos reunidas todas as condições para podermos viabilizar esse anseio», disse aos jornalistas.
«Depois de décadas, Faro vai finalmente ter um parque de campismo digno desse nome», frisou. O projeto da autarquia prevê a criação de 116 lotes para tendas pequenas e 84 espaços para as de maiores dimensões, mais 24 lugares para autocaravanismo, o que permitirá dinamizar aquele espaço durante o inverno. Em termos práticos, segundo o presidente da Câmara de Faro, «não haverá construção nova. Os equipamentos estão lá todos». Trata-se sim de um processo de limpeza e ordenamento do parque, reabilitação das redes de águas e eletricidade, assim como alguma arborização. Os balneários e serviços de apoio serão requalificados, «mas não vamos construir nenhuma cafetaria ou casa de banho. O que lá existe serve perfeitamente», até por o POOC não o permite.
Rogério Bacalhau disse ainda que não haverá concessões a privados. «A partir do momento em que estiver construído, será gerido por nós, terá gestão pública, com um regulamento igual aos outros. Haverá rotatividade, pagamentos, tudo isso. Haverá um regulamento aprovado pelos órgãos municipais, e a rotatividade será uma peça fundamental, como em qualquer parque de campismo do país. Não vamos inventar nada». Questionado sobre uma eventual contestação por parte da Associação de Utentes, o autarca sublinha que não haverá margem para contemplações ou soluções alternativas. «Não, não. Esse equipamento será importantíssimo para a economia do concelho e para o desenvolvimento da Praia de Faro, nomeadamente ao nível das atividades náuticas e turísticas».
Em março de 2015, a Comissão Concelhia de Faro do Bloco de Esquerda alertou para o facto de haver pessoas cuja única habitação é aquela que possuem no parque. «Temos um comodato com uma associação. Quando foi feito, as pessoas que lá estavam, todas elas tinham morada, tinham habitação e portanto se hoje estão lá outras, isso é da responsabilidade da associação, não é da responsabilidade do município», frisou. «Ainda há dois meses tive reunião com a direção. Temos que avisar com 30 dias de antecedência, pois o comodato renova-se a cada 60 dias. A associação saberá com a antecedência de um ano, relativamente à denuncia do contrato. Portanto, estamos confortáveis», disse ainda Rogério Bacalhau aos jornalistas. No futuro, os atuais ocupantes do parque «poderão utilizar, tal como eu ou outro utente qualquer».
Ouvido pelo «barlavento», Steven Sousa Piedade, presidente da Junta de Freguesia de Montenegro, diz que o projeto «só peca por tardio. Aquilo não pode ser o espaço só de alguns. Sou a favor e acho que Faro precisa de um parque de campismo para todos». O autarca pretende formalizar, junto do executivo municipal, a vontade daquela junta se responsabilizar pela futura gestão do parque. No fecho de edição, na terça-feira, o «barlavento» contactou António Figueira, presidente da Associação de Utentes do Parque de Campismo da Ilha de Faro, que não quis prestar declarações. Este coletivo marcou uma conferência de imprensa para hoje, quinta-feira 21 de junho, às 12h00.