O evento desenvolvido pela Águas do Algarve, em março, em Albufeira, será um caso de estudo em destaque no IWA World Water Congress & Exhibition 2018, em Tóquio, Japão, na próxima semana. Em entrevista ao «barlavento», Teresa Fernandes, responsável pela Comunicação e Educação Ambiental da empresa revela ainda alguns pormenores sobre o Grupo Comunicação e Educação Ambiental, do qual será a coordenadora nacional.
barlavento: O Desafios da Água será apresentado em Tóquio, no IWA World Water Congress & Exhibition 2018, na próxima semana. Como é que a organização do congresso teve conhecimento do evento algarvio?
Teresa Fernandes: O World Water Congress & Exhibition é um Congresso & Exposição de âmbito mundial, que junta mais 6000 profissionais do sector da água e ambiente, oriundos de cerca de 100 países. O objetivo é apresentar insights na área da ciência, inovação tecnológica, as novas práticas que moldam as maiores transformações na gestão da água, entre outros. É sem dúvida, uma oportunidade única para conhecer as últimas tendências do sector, através quer dos especialistas palestrantes, discussões abertas, apresentações, sessões de posters, diálogos sobre questões emergentes, fóruns de liderança, oficinas, e exemplos de casos bem-sucedidos, como é o caso da Águas do Algarve em toda a sua envolvência e atividade na região e fora desta.
Com base nestas circunstâncias, a Águas do Algarve estará representada neste grande evento, em diferentes situações. Primeiro, através da apresentação oral dos Desafios da Água, em dois momentos distintos nos quais estarei eu própria e o presidente do concelho de admistração Joaquim Peres.
O nosso colega Rui Sancho fará uma comunicação sob o tema Emergency Response In A Drinking Water System Operating Without SCDA And Mobile Communications – Case Study: West Region. Estaremos ainda presentes com a moderação técnica da mesa-redonda na área das novas tecnologias, e ainda num workshop sobre Climate Resilient Water Safety & Security Planning, enquanto membros do painel de especialistas sob a temática de Planos de Segurança da Água, também com o Rui Sancho.
É muito gratificante o convite para este evento mundial de excelência, e no caso presente também com os Desafios da Água, num dos grande espaços da Exposição e de destaque de Portugal, com organização da EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Livres. Trata-se do reconhecimento do sucesso do evento que se enquadra nos objetivos da IWA – Internacional Water Association.
Esta apresentação significa que o encontro poderá ser replicado em outros países por entidades congéneres à Águas do Algarve, ou outras ligadas à Educação Ambiental?
Esse foi um projeto internacional muito ambicioso. Tencionámos desde o início, juntar no mesmo espaço, a Educação Ambiental dirigida aos mais jovens, àqueles que são os grandes especialistas nacionais e internacionais, nas grandes problemáticas ambientais de âmbito mundial que estão na ordem do dia: as Alterações climáticas e a escassez da água potável. É notório o nosso orgulho pelos resultados obtidos, os quais acabaram por ultrapassar as nossas expetativas. Certamente que a satisfação será superior se o mesmo for replicado por outros. Acreditamos que será uma situação que irá acontecer, devido aos vários contactos e feedback que temos recebido de outros parceiros. Os Desafios da Água são um exemplo de um projeto internacional inovador desenvolvido internamente pela Águas do Algarve, através de um elevado compromisso e a motivação de todos os nossos colaboradores. Estes serão pontos fortes a destacar nas intervenções em Tóquio.
Outra novidade é que a Teresa Fernandes vai coordenar um Grupo Comunicação e Educação Ambiental. Pode dizer-nos em que consiste, como vai funcionar e a partir de quando?
O Grupo foi criado no mês de Junho pela Associação Portuguesa de Distribuidores de Água (APDA), tendo sido nessa data que assumi a coordenação nacional do mesmo.
Como sabe, o nosso país, e o mundo está a viver a maior e mais grave crise ambiental de que há memória, e cujas causas, são apontadas pelos especialistas, como resultado da irresponsabilidade da intervenção humana sobre a natureza. Estamos a caminhar para a escassez de recursos que atendem à sobrevivência humana. As mudanças climáticas são a maior ameaça ambiental do século XX, e todos sem exceção somos responsáveis. Urge abrir caminho para a transição necessária que é a sustentabilidade. O papel da Educação ambiental apresenta-se como fundamental para firmar mudanças, atitudes, comportamentos e procedimentos para jovens, crianças e população em geral, buscando o estímulo necessário para se encontrar soluções que resolvam este problema.
Pese embora a realização de várias iniciativas por todo o país, verifica-se a necessidade de existência de uma maior uniformidade da comunicação por parte de todos os atores nesta matéria, que resulte numa maior eficácia e capacidade de mobilização comportamental na educação ambiental a nível nacional. Este é um dos principais motivos que levaram a APDA, a criar o Grupo de Comunicação e Educação Ambiental, do qual tenho muito orgulho em coordenar. É formado por uma equipa de profissionais de Comunicação com vertente educacional, oriundos de todo o país, incluindo do arquipélago da Madeira, apresentando-se como um grupo muito heterogéneo pelas diferentes áreas em que cada um atua, e consequentemente com formação e experiências diferenciadas, que nos permitem atuar como um Grupo coeso e conhecedor das diferentes realidades do nosso país, e focado nas exigências que o sector nos impõem.
Este verão, a Águas do Algarve empreendeu a iniciativa «Chuta o plástico para fora dos Oceanos». Já é possível fazer um balanço? Correspondeu às vossas expetativas?
A nossa atividade educativa desenvolve-se continuamente durante os 365 dias do ano, ajustando-se as iniciativas ao período do ano em questão. A iniciativa «Neste verão Chuta os Plásticos para fora dos oceanos», enquadra-se neste período de férias em que milhares de pessoas rumam ao Algarve. A esmagadora estatística que nos diz que a população algarvia que anda na ordem das 500 mil pessoas, triplica nos meses de julho e agosto, atingindo números de 1 milhão e meio, e por vezes até mais). Este aumento de população tem ligação direta com o aumento dos lixos e dos plásticos. Conscientes do papel de cada um na problemática global da disseminação dos plásticos no ambiente, pretendemos contribuir através das ações de educação e sensibilização ambiental, para que o Planeta preserve o bom ambiente e que se mantenha saudável para nós, para os nossos filhos, e para todas as gerações vindouras. Com pequenos gestos, podemos ajudar a diminuir a quantidade de resíduos de plástico que existem nos nossos oceanos, na terra e no ar, reciclando e reutilizando sempre mais. Os resultados foram francamente positivos, com milhares de pessoas a terem contacto com a ação, e a interagir com a mesma. Se entre estes, houver quem mude de atitude, e sabemos que sim, é uma vitória que temos de celebrar. Não se trata de uma vitória para a Águas do Algarve, mas para o Ambiente.
A nova ETAR Faro-Olhão inaugura em outubro tal como foi anunciado? E em relação à ciclovia que acompanha o adutor, qual o ponto de situação?
As obras continuam a desenvolver-se dentro do ritmo que era expectável e dentro dos prazos previstos em caderno de encargos, pelo que estamos certos de que este grande investimento estará nas melhores condições para receber a tão augurada inauguração prevista para outubro. Todavia mais importante que a inauguração propriamente dita, é o culminar de um investimento na nossa região que há muito é esperado. Recordo esta ETAR servirá os municípios de Faro e Olhão, num total de 113200 habitantes. Trata-se de um investimento da empresa envolve a construção da ETAR de Faro-Olhão e o Sistema Elevatório de Olhão-Faro, ultrapassando os 21 milhões de euros. A ciclovia está a cargo dos municípios envolvido, sendo que a Águas do Algarve tem vindo a disponibilizar todo o apoio que nos é solicitado e possível prestar dentro daquela que é a nossa área de atuação e responsabilidade.
Evento «fora da caixa»
Teresa Fernandes, responsável pela Comunicação e Educação Ambiental da Águas do Algarve recorda que a organização do encontro Desafios da Água, em março, no Palácio de Congressos do Algarve, em Albufeira, «teve, e continua a ter enorme projeção internacional por devidos fatores. Destaco contudo, todo o processo organizativo em que desde o primeiro dia, e as primeiras horas em se fizeram os primeiros rabiscos, foi unânime a opinião de todos os elementos da Comissão Organizadora de que o mesmo teria que estar assente numa estratégia onde a aplicação de ideias criativas com conceitos inovadores, diria fora da caixa, seriam condições obrigatórias para atingir, com sucesso, os objetivos da Águas do Algarve. Também a seleção das temáticas a apresentar neste Encontro foram alvo de uma criteriosa análise e ponderação na certeza de que seriam temas atuais e de importância inquestionável também no setor em que a empresa opera. Principais objetivos a atingir: acrescentar valor para o sector, para a empresa, para os colaboradores, para o Grupo Águas de Portugal, para os nossos clientes e acionistas, e essencialmente para a nossa região».