barlavento: Estão previstas ações para celebrar o Dia Mundial da Água, tal como tem acontecido em anos anteriores. Ainda faz sentido?
Teresa Fernandes: Aquilo que sentimos é que a educação ambiental continua a ser muito importante para as populações do Algarve e de todo o país. É necessário que se continue a insistir na disponibilidade de informação, sendo o desafio que se coloca a formulação de uma educação ambiental que seja crítica e inovadora para que possa haver uma mudança de hábitos efetiva. Isso ainda não se conseguiu. O que a Águas do Algarve tem vindo a fazer é prestar informação continuada ao longo de todo o ano, para aquelas que serão as atitudes mais corretas, digamos assim. Embora façamos algumas alterações nas atividades para este dia, para que as pessoas percebam que há novidades, a nossa mensagem é a mesma: a reflexão sobre as práticas sociais, num cenário muito marcado pela degradação permanente do meio ambiente e dos ecossistemas. Nós não queremos que as pessoas deixem de consumir água. Queremos sim, que não a desperdicem, fazendo um uso mais eficiente da mesma. É um bem comum, que escasseia, e as alterações climatéricas assim o dizem. Muito embora nós tenhamos água suficiente para o abastecimento público nos próximos anos, é importante criar uma consciência pública para a sustentabilidade.
A Águas do Algarve promove um dia aberto em várias instalações. São apenas as escolas que aderem, ou o público também tem participado?
É muito simples abrirmos a torneira, de manhã, e a água sai em quantidade e com excelente qualidade. Mas poucas são as vezes em que as pessoas se preocupam em saber de onde é que vem aquela água. Notamos que só há essa preocupação quando há falhas no abastecimento. O dia aberto serve para dar mais ênfase a todo o trabalho de muitos profissionais que trabalham diariamente, para que tenhamos água nas nossas torneiras. Ao longo do ano, recebemos cerca de 1600 visitantes nas nossas infraestruturas. Mas isto, por parte das camadas mais jovens da população, sobretudo escolas do 2º e 3º ciclo. Também acolhemos visitas técnicas de universidades e de institutos superiores, e de entidades várias que se deslocam às ETAs, ETARs e à barragem de Odelouca, muitas vezes em grupos, previamente agendadas. O que pretendemos, ao abrir as portas, é que as pessoas possam vir, de forma livre e individual, conhecer as nossas instalações. É dar uma oportunidade para quem não consegue vir em grupo, que o possa fazer nestes dias especiais. De notar que este ano a ONU definiu como tema a «Água residual e a reutilização de efluentes». Em 2018, será «Soluções naturais para a água», temas que iremos evidenciar ao longo de todo o ano.
Como tem corrido?
A adesão a estes dias não tem sido muito grande. Tirando as camadas mais jovens, grupos escolares, não vemos a população com grande curiosidade para esta temática. Temos tido muitos participantes, sem dúvida, mas fica um pouco aquém do que gostaríamos de ter.
E a nível de visitas técnicas, o Algarve é procurado?
Sim, muito. Sobretudo pelos cursos de engenharias (do ambiente), mas também recebemos grupos vindos do estrangeiro. Além do equipamento de ponta utilizado no tratamento, há algo muito importante e diferenciador, que é a certificação do produto água. É uma certificação internacional com muito mérito, sendo motivo de orgulho para todos nós algarvios e portugueses. Daquilo que sabemos, somos a única entidade a nível nacional e europeu que tem esta certificação. Por si só já é um motivo de interesse. Por outro lado, há quem nos venha conhecer também pelos resultados positivos que temos vindo a conquistar, com vários prémios que distinguem o nosso serviço. Não apenas na água para consumo humano, mas também no tratamento dos afluentes domésticos e na produção de energia verde. Anualmente, temos vindo a desenvolver parcerias de investigação e grupos de trabalho com o próprio Grupo AdP, universidades, com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, e inclusivamente com algumas entidades internacionais, ao nível do que hoje se faz de melhor no mundo.
Qual é o ponto de situação das novas ETARs em construção?
Na Companheira, as obras estão a correr conforme o expectável. Já é visível a dimensão da infraestrutura que está a ser construída. É uma visão completamente diferente do que era há um ano, e um pequeno vislumbre do que será esta importante ETAR num futuro muito próximo. Se tudo correr como expectável, a mesma será inaugurada e pronta a entrar em funcionamento até final do próximo ano. A obra da nova ETAR de Faro – Olhão, está também a decorrer de acordo com os timings que foram inicialmente estabelecidos, e com início de funcionamento previsto também até final de 2018.
Este verão vamos ter uma nova campanha de promoção da água da torneira algarvia, à semelhança do que aconteceu no ano passado?
Sim. No âmbito da sensibilização para proteção dos recursos hídricos, o ano passado fizemos um roadshow pelas praias, que correu muito bem, com adesão acima do expectável. Tivemos milhares de participantes. Este ano, queremos continuar a apostar neste modelo de ação, mas… com maior enfoque na população residente, em prol dos turistas. Iremos promover a realização de experiências concretas de educação ambiental de forma criativa e inovadora, em distintos segmentos da população. Estamos neste momento a trabalhar na campanha. Vamos envolver novas vertentes com targets diferenciadores. Acreditamos que terá uma boa anuência na região. Estamos a trabalhar com afinco, fazendo uma grande aposta para que assim seja.
Quarta edição do concurso «Água pelo meus olhos»
Na quarta-feira, dia 22 de março, será revelado o regulamento do quarto concurso de fotografia «A Água pelos meus Olhos». Teresa Fernandes, responsável pela Comunicação e Educação Ambiental da Águas do Algarve, recorda que «quando lançámos a ideia, na altura, haviam poucos concursos de fotografia. Entretanto, já existe um leque maior. Para evitar cair na rotina» foi decidida uma periodicidade bienal. «A fotografia é sempre uma forma muito bonita de mostrar aquilo que a olho nu, muitas vezes, não conseguimos ver. E passa uma mensagem forte. Os concursos anteriores têm sido muito positivos, com muita gente de diferentes faixas etárias a concorrer. Temos tido uma grande panóplia de participações. É uma ação diferente de todas as outras ações que fazemos ao longo do ano», sublinha. «É um projeto que tem prémios à séria e que junta uma vertente cultural e artística». A entrega de prémios será feita numa cerimónia pública (em local ainda não definido) marcada para 5 de junho, Dia Mundial do Ambiente. Depois fará uma itinerância pela região. A participação é aberta a todo o país. «Temos apenas um requisito, que as fotografias sejam recolhidas no Algarve».
Itinerário dos Dias Aberto
A 22 de março, às 15 horas, a Águas do Algarve abre as portas de duas das principais infraestruturas da empresa, a qualquer pessoa que queira saber «como é feito o tratamento da água, até chegar às nossas casas». Teresa Fernandes, destaca a carinhosamente apelidada «Fábrica da Água», isto é, a Estação de Tratamento de Água (ETA) de Tavira. Aqui é processada a água superficial proveniente das albufeiras de Odeleite e Beliche. Tem capacidade máxima diária de produção de 190 mil m3 (em duas fases). A população máxima servida atualmente é da ordem dos 460 mil habitantes, esperando-se que atinja os 530 mil habitantes em 2024. Com funções semelhantes, mas na outra ponta da região, a ETA de Alcantarilha trata água superficial proveniente da albufeira de Odelouca (desde 2012) e água subterrânea proveniente das captações de Vale da Vila e de Benaciate. Também será possível, no dia 23, às 15 horas, visitar a ETAR Intermunicipal de Albufeira Poente, na Guia. Serve os municípios de Albufeira, Silves e Lagoa, isto é, 133900 habitantes, num caudal médio diário de 28119 m3/dia. O sistema intercetor de Albufeira Poente tem cerca de 45 quilómetros e é constituído por um conjunto de 15 estações elevatórias.