A Câmara Municipal de Portimão quer ser escolhida como Cidade Europeia do Desporto de 2019, valorizando o esforço que o movimento associativo efetuou nos últimos anos quando esta autarquia não conseguiu apoiar as atividades promovidas no concelho.
A candidatura foi formalizada na quinta-feira, 25 de maio, durante uma conferência de imprensa no salão nobre da autarquia.
«Esta não é uma candidatura faraónica, porque não vão haver obras, nem gastos» elevados, que pesem nos cofres da autarquia além da quantia que é atribuída ao desporto em orçamento de cada ano, esclareceu Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão.
«Achei que quem esteve quatro anos a trabalhar sem apoio ou com apoio reduzido, porque só este ano podemos começar a dar algum suporte, merecia algo em troca», defendeu a presidente da autarquia.
O bónus por esse esforço, caso essa candidatura seja aprovada, é a possibilidade de ter um galardão europeu em 2019, mostrando o valor deste movimento, composto por cerca de 80 associações.
E a verdade, de acordo com Nuno Santos, presidente da Associação Portuguesa das Cidades Europeias do Desporto (ACES Portugal), é que a cidade barlaventina «passou todos os requisitos para formalizar esta candidatura», mas alertou que há ainda muito trabalho pela frente.
«Há um ano que temos vindo a trabalhar em conjunto, o questionário foi preenchido, fiz outras visitas a algumas instalações desportivas, como o Autódromo, o Estádio, as Piscinas, os Campos de Ténis e outras. Este é um processo que decorrer até ao final do ano, altura em que será anunciada» a cidade vencedora, esclareceu Nuno Santos.
Neste processo, o concelho algarvio vai defrontar Cascais, que apesar de ainda não ter sido formalizada de modo oficial, coloca as expetativas numa «luta árdua, mas saudável», especulou Nuno Santos.
Ainda assim, a avaliação centra-se mais no programa desportivo, infraestruturas desportivas e das atividades de desporto para todos e não no nome da cidade a concurso. O objetivo «é chegar ao fim do ano e a taxa de prática desportiva passar dos 20 ou 30 por cento para os 60 por cento», exemplificou o responsável pela ACES Portugal.
«Ainda não vi tudo, mas visitei as Piscinas, os Campos de Ténis, o Autódromo, o Portimão Arena, equipamento que nem todas as cidades têm, como é o caso de Cascais, Almada, Coimbra», comentou.
O próximo passo será organizar um dossier e um vídeo promocional. No final deste ano, a cidade será visitada por uma comissão de avaliação, durante três dias, com elementos da Europa, e em janeiro de 2018 será divulgado numa cerimónia em Bruxelas o vencedor.
Este galardão trará mais eventos à cidade escolhida, pois além da programação que o concelho terá que promover, há diversas iniciativas que decorrerão na Cidade Europeia do Desporto, devido a protocolos feitos com a ACES Portugal.
Houve, porém, uma questão que Isilda Gomes quis deixar bem clara naquela conferência de imprensa, que é o facto de não haver gastos elevados com esta candidatura. «Não haverá obras, nem gastos faraónicos. Nós temos um orçamento para o desporto. Nesse ano, reforçaremos. Temos 80 clubes. Se cada um desses organizar dois eventos já são 160. É isto que temos que fazer. Se formos selecionados, em 2019, o apoio ao movimento associativo tem que ser obrigatoriamente para desenvolver atividades neste âmbito. E vão ter que se candidatar nessa base», revelou a autarca durante a conferência de imprensa.
Custódio Moreno, diretor regional do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), referiu ainda que o que importa nesta candidatura é que, «apesar das dificuldades [financeiras], há a vontade das pessoas e dos dirigentes. A verdade também é que o facto de ter mais condições financeiras não quer dizer que seja mais eficaz, dinâmico e que consiga atingir melhor os objetivos». Por isso, apelou, com a convicção de que a vitória será para Portimão, a que todos façam desta «candidatura uma bandeira, não só do concelho, mas da região». Até porque, é nesta cidade que há oportunidade de assistir a eventos «tão simples como a Taça do Mundo de Ginástica Rítmica, uma etapa da F1 de Motonáutica ou um evento de desporto para todos [Mamamaratona], numa parceria com a Associação Oncológica do Algarve, que faz parte do calendário regional do IPDJ, e que coloca milhares a praticar desporto», exemplificou.
«O que pretende ser é uma mobilização global da sociedade. Pôr toda a gente a mexer. E obviamente que quem trabalhou com tão pouco até agora, certamente que, com mais um bocadinho, conseguirá fazer com que esta Cidade Europeia do Desporto seja uma realidade», incentivou a edil, acrescentando que tudo será promovido com «rigor e transparência».
Verba do IPDJ poderá ser para uma pista de atletismo
Caso Portimão seja escolhida para ser Cidade Europeia do Desporto 2019, ser-lhe-á atribuída uma verba de cem mil euros pelo IPDJ. Esse valor será aplicado em algo relacionado com o desporto.
«Já me disseram que não temos pista de atletismo. Se formos Cidade Europeia do Desporto, com o apoio do IPDJ, podemos vir a ter», especulou Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão. Este valor poderá até ser mais alto caso haja abertura da tutela. «Estou a negociar a verba. O IPDJ está a reconhecer mérito a este projeto, por isso estamos a ver com o Instituto se os 100 mil euros podem ser catapultados através de objetivos das cidades, até um montante máximo de 250 mil euros», revelou Nuno Santos, presidente da ACES Portugal.
Eurovision Games em setembro
A capacidade de Portimão para receber eventos desportivos já levou a que a cidade tenha sido escolhida para receber os Eurovision Games na primeira semana de setembro. «Estes são os jogos em que participam as televisões estatais da Europa. Já está tudo acertado com a RTP, que quando fez a proposta já tinha o levantamento de todas as infraestruturas desportivas para cada uma das modalidades», adiantou Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão. Também nesta iniciativa a autarquia não terá qualquer gasto associado, sendo que a única contrapartida para apoiar é a cedência dos espaços desportivos da cidade.