A primeira tarde de outono no Estádio de São Luís, em Faro, domingo, 23 de setembro, ficou marcada por um calor de verão. A partida foi fortemente disputada a meio-campo desde o primeiro minuto, mas os algarvios conseguiram um ascendente sobre a Briosa e, aos 15 minutos, Jorge Ribeiro encheu o pé à entrada da área e deu o primeiro aviso – a bola embateu com estrondo no poste da baliza do experiente Peçanha. Foi necessário esperar até aos 25 minutos para presenciar novo lance de perigo…e que perigo! Num assalto intenso à baliza algarvia, João Real obrigou Daniel Fernandes a estupenda intervenção, vendo de seguida a defensiva da casa a salvar um remate de Brendon em cima da linha de golo. De seguida houve mais Farense, e aos 32 minutos Mayambela apareceu descaído na direita e surpreendeu ao rematar quase sem ângulo, obrigando Peçanha a defesa apertada para canto, com a bola a raspar novamente no poste.
A partida caminhava para o término da primeira metade quando, aos 40 minutos, uma falta a meio-campo originou o lance que teria importância capital no desenrolar da restante partida – Hugo Almeida salta com Bruno Bernardo e tem uma entrada imprudente com o cotovelo. Na sequência é admoestado com o cartão amarelo, mas o jogador do Farense, insatisfeito com a decisão, protesta. O árbitro mostra-lhe também um cartão amarelo, insuficiente para sanar os protestos, e Bruno Bernardo acaba por ser expulso com vermelho direto por palavras dirigidas à equipa de arbitragem. Apenas cinco minutos depois e aproveitando a desorganização defensiva do Farense originada pela expulsão, uma jogada dos «estudantes» pelo lado esquerdo culmina com um cruzamento do estreante Jean Filipe, efetuado com régua e esquadro para a cabeça do veterano Hugo Almeida, que não perdoou e abriu o marcador no último lance da primeira parte, beneficiando da ausência daquele que era, até ao momento da expulsão, o seu marcador direto – Bruno Bernardo.
No regresso dos balneários a Briosa entrou mais forte, e logo aos 48 minutos Romário Baldé levou a bola com estrondo ao poste da baliza de Daniel Fernandes. Logo de seguida, Nuno Borges (que tinha entrado ao intervalo para o lugar de Ryan Gauld) comete uma infantilidade na defesa e oferece de bandeja o golo à Académica, que desperdiçou nova bela oportunidade.
O Farense voltou a pegar no jogo e enviaria nova bola ao poste, após grande jogada individual de Markovic aos 57 minutos. Os algarvios continuaram a dominar e dispuseram de mais oportunidades para marcar, mas a bola teimava em não entrar – era notório o desacerto farense na hora de concretizar. Diz o velho ditado que quem não marca sofre, e aos 68 minutos Jean Filipe (que estreia!) tira um cruzamento e a bola ressalta no pé de Djousse, que tinha entrado minutos antes, acabando no fundo das redes defendidas por Daniel Fernandes. Tornava-se quase impossível a tarefa dos algarvios, ainda para mais em inferioridade numérica. Depois do segundo golo o desnorte tomou conta dos jogadores do Farense, que abdicaram de usar a cabeça, fazendo tudo com o coração e em esforço, numa fórmula que raramente alcança o sucesso. O jogo chegaria ao fim sem mais situações de relevo, confirmando a primeira vitória da Académica nesta edição da Ledman LigaPro.
O Farense foi muito perdulário, e situações como a que Bruno Bernardo protagonizou pagam-se muito caro a este nível, num campeonato onde a competitividade é enorme e se exige que a experiência dos atletas mais rodados venha à tona. Na próxima jornada a equipa algarvia desloca-se ao terreno do Paços de Ferreira, defrontando um dos grandes candidatos à subida.
Para Rui Duarte, «a expulsão determina a história do jogo, mas devia ter sido ao contrário»
No final do jogo os treinadores tinham sentimentos bem diferentes sobre a partida. Carlos Pinto, treinador do Académica, aproveitou para dedicar a vitória ao seu pai, aniversariante no dia do jogo, e para enviar alguns recados aos jornalistas que colocaram em causa a sua relação com o seu treinador adjunto, de saída do emblema de Coimbra. Quando questionado sobre a sua satisfação com a qualidade de jogo da Briosa, avisou: «quero sempre mais, sou um treinador que está sempre descontente». Já Rui Duarte admitiu que a expulsão ditou o resultado final, mas protestou sobre a mesma. «A expulsão determina a história do jogo, mas devia ter sido ao contrário. Já estivemos a ver as imagens e existe uma agressão que não foi sancionada». Apesar do resultado, o treinador do Farense considerou que «fomos novamente melhores que o adversário, criámos inúmeras situações de golo, bolas ao poste, mas o segundo golo matou o jogo», concluiu.